FIGURAS DE CONSTRUÇÃO OU DE SINTAXE E SONORAS
Essas figuras realizam-se por meio de estratégias relativas à
construção da frase, seja por uma desordem ou por omissão de certos termos.
Incluem-se nesses casos, também as figuras que, explorando a sintaxe dos
fonemas, opera na busca de expressões sonoras. Muitos gramáticos e estilistas
as separam como figuras de som.
a) Elipse: É a
omissão de um termo previsível, subentendido. Esse termo deixa de ser expresso
por ser óbvio, mas também confere
elegância à frase.
Exemplo:
Na rua, um malvado; em casa, um santo. Isto quer dizer: Na rua era um malvado; em casa era um santo.
b) Zeugma: Omissão
de um termo anteriormente expresso, ainda que em flexão diferente. Exemplo: Eu jogo futebol; ela, basquete. Isto quer dizer: Ela joga basquete.
c) Assíndeto: Omissão
da conjunção coordenativa entre elementos de uma oração ou entre orações
coordenadas.
Exemplo:
“Avental branco, pincenê vermelho, bigodes azuis, ei-lo, grave,
aplicando sobre o peito descoberto dumacriancinha um estetoscópio.” (Paulo
Mendes Campos)
d) Polissíndeto: Nesse
processo o que se repete é a conjunção aditiva “e”.
Exemplo:
” E voava e zumbia, e zumbia, e voava...” Mosca azul,
Machado de Assis.
e) Pleonasmo: O
mesmo que repetição. Pode-se repetir a ideia já contida num termo, o que se
pode chamar de pleonasmo gramatical, ou repetir-se uma
função sintática: o pleonasmo
sintagmático ou sintático. O pleonasmo gramatical pode ser uma virtude da
linguagem, quando empregado com intenção enfática. Caso contrário, é um defeito: pleonasmo vicioso.
Exemplo:
1. de ideia
ou gramatical: A música
exige ouvidos de ouvir!
2. sintático: As malas, devo guardá-las no armário.
Ao inconveniente, nunca lhe dou atenção.
f) Silepse: É uma
espécie de “erro” ou um processo não concorde com o que preceituam as regras
gramaticais. É, sem dúvida, uma licença à intelectualidade. Tal “erro”
pode contrariar a sintaxe de concordância verbal.
Exemplo:
Os estudantes éramos inquietos. Tem-se, nesse caso, uma silepse de pessoa, já que o
sujeito Os estudantes exige o verbo na terceira pessoa
do plural. Ocorre que o emissor inclui-se no grupo de estudantes inquietos!
Casos há em que a silepse atinge a concordância numérica, como
ocorre em: A multidão corriam pela rua.
Usou-se, aqui, um verbo no plural, procurando uma concordância
ideológica, mas não gramatical. Por outro lado, pode haver a silepse de gênero,
como se vê em: Vossa Majestade
continua bondoso!. Note que o termo Majestade é gramaticalmente feminino e isto
obrigaria o adjetivo feminino (bondosa). Todavia, por tratar-se do rei
(masculino), fez-se a concordância agramatical, mas ideológica.
g) Hipérbato: O mesmo
que inversão. Trata da inversão da ordem direta dos termos constituintes de uma
oração. Se a inversão for muito
acentuada, chama-se sínquise.
Exemplo de hipérbato:
Água não bebo, nem vinho provo.
Exemplo de sínquise:
“Ouviram do Ipiranga as margens plácidas/De um povo heroico o
brado retumbante...”. Nesse caso, a ordem direta seria a que segue: As
margens plácidas do Ipiranga ouviram o brado retumbante de um povo heroico.
Ufa! E para entender o Hino de nossa Pátria!
h) Aliteração: Consiste
na repetição de fonemas consoantes, a fim de que seja construído um resultado
sonoro específico.
Exemplo:
“Velho vento vagabundo...” Cruz e Souza.
i) Assonância:
Agora, o que se repete são fonemas vogais.
Exemplo:
“Raia sanguínea e fresca a madrugada. (...)” Raimundo Correia.
j) Anacoluto: Figura
em que se faz a quebra, a desconcatenação da estrutura da oração ou do período.
Um dos termos fica sintaticamente
desligado, assim, meio desconexo e sua validade só se efetiva no contexto.
Exemplo:
Ela, já nem ligo para o que ouço!
k) Anáfora: É a
repetição de uma palavra no início, em geral, de cada verso de uma estrofe.
Exemplo:
Olho a
cidade que amanhece.
Olho o homem
que dorme.
Olho a
criança que nasce.
Olho a luz
que se acende.
Olho, na esperança de esperança.
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